guarde os corações, meu rei.

Oxenti, meu rei ...

onde foi que parei

nesse mundo tão grande ?

num pequeno instante

me vi tão distante

sem na verdade estar...

vim aqui pra provar,

pra testar e atestar.

e que fiquem guardados

os corações que "deixei" ...

pois estes, meu rei

fazem parte de mim.

Não é que me perdeu inteiro
preciso sair, pra me adequar
da cabeça ao corpo inteiro...

Quero me reduzir
E expandir o pensamento
Quero sentir, andar contra o vento.
Perder o ritmo, e acertar no contratempo...

Mas sempre penso,
Se você ainda pensa em mim.
Mas sempre tento,
Acertar no fim...

Se tudo já deu errado
Pra que tentar?
Se tudo já foi apagado
Pra que re-lembrar?

Não sei as respostas
pr' as dúvidas do coração...
Mas eu to bem, se você está bem no seu lugar...
O melhor ponto de vista vem, quando o tempo passa.

a maior saudade.

choremos sim;
e nada de secar as lágrimas.
deixemos que a maçã do rosto fique enxarcada.

amanheceremos inchadas e já cheias de saudade.
adormeceremos lamentando a ausência
e tentando contar os dias que não sabemos quantos serão.

a partir de agora, restam as lembranças
e a ansiedade do encontro logo ali na frente.

continuarei sendo sua irmã, sua fã e seu divã.

tempestade de açucar

nuvens de algodão doce
me fazem agir como se não fosse tudo de mentira.
de tudo que me cerca
nada me desperta a magia que existia.

e é olhando pra cima
que revejo os sorrisos cheios de cor ;
me liberto do que há de acizentado
e me espreguiço pra me livrar do que criei.

ah, se eu pudesse alcança-las...
provocaria uma tempestade de açucar.

Meu coração não é uma pedra, moça.
Finjo, me escondo.
Quer saber ?
Sou latente !
Me abasteço em teu sorriso
e é em teus braços que quero me envolver.
Deixa eu te encaixar em meus espaços,
me traz de volta o que eu achava ter perdido.
Já disse, sou latente.
Me recolhe
e tome pra si
todo o meu amor.

Aperitivo

"
Como se dá a alguém um pedaço de céu ?
No fim de fevereiro, ela parou na rua Munique e observou uma nuvem gigantesca aproximar-se por sobre as colinas, como um monstro branco. Escalou as montanhas. O sol foi eclipsado e, em lugar dele, uma fera branca de coração cinzento vigiou a cidade.
- Olha só para aquilo ! - disse o pai
Hans inclinou a cabeça e declarou o que lhe parecera óbvio.
- Você devia da-la ao Max, Liesel. Veja se consegue deixa-la na mesa de cabeceira, como todas as outras coisas.
Liesel o fitou, como se ele tivesse enlouquecido.
- Mas como ?
Ele lhe deu um piparote de leve com a cabeça.
- Decore-a. Depois, escreva-a para ele.

- ... parecia uma grande fera branca - disse a menina, em sua vigília seguinte junto ao leito - e veio por cima das montanhas.
Quando a frase foi concluída, com vários ajustes e acréscimos diferentes, Liesel achou que havia conseguido. Imaginou a visão da nuvem passando de sua mão para ele, através dos cobertores, e a escreveu num pedaço de papel, colocando a pedrinha em cima. "

a festa acontece aqui dentro, quando encontro aqueles que nunca desencontro.

por maior que seja a distacia em determinadas situações, vocês continuam sendo os mais proximos, aqueles que fazem meu coração pulsar e deixam como marca um sorriso em meu rosto.

a festa é interna, particular.
nem mesmo vocês sabem que ela acontece, mas o coração bate no peito feito tambor e a alegria perdura por dias e dias.
como é bom conhecer os seus, saber a quem pertencemos sem nem mesmo termos nos dado conta de quando foi mesmo que nos entregamos ?

essa é entrega impensada, realizada quando a muito já ocorrida.
como seria bom se sempre fosse assim. entregas incalculadas e reciprocas que chegam de mansinho e se manifestam de maneiras tão sublimes que nem mesmo podemos imaginar antes de senti-las.

me olha

poesia concreta
é quando me atinges com seu olhar.
numa linha reta,
me sento - a poeta -
para me deixar acertar
.

me olha de novo, aos poucos
e construa a poesia que eu
jamais conseguiria escrever.